É... exatamente no aniversário de um mês de visto concedido deixei a preguiça de lado e vou escrever como foi minha entrevista! Já tava passando da hora.
Eu cheguei no consulado bem cedinho, ia dar 6:30 da manhã e minha entrevista era 9:30. Acordei às 5h com o sol muito forte achando que já era umas 7h. hehehehehe
Já tinha uma fila relativamente grande quando cheguei. Daí pensei “Poxa, deveria ter vindo mais cedo, vai demorar muito”. Mas para minha felicidade a fila e o atendimento são separados por horário. Eles dividem de meia e meia hora: fila das sete, fila das sete e meia, fila das oito.... etc... Eu fiquei pensando: “vou ter que ficar a pé tanto tempo? Nestante vai aparecer o sol forte... oh Senhor misericórdia”, até que na frente do consulado tinha dois ambulantes e eu fui até um deles e perguntei se ele deixava eu sentar no banquinho para esperar, que eu pagaria o “aluguel”, ai o cara falou que mais bancos estavam chegando justamente porque eles alugam. O valor era 5 reais não importando quanto tempo a pessoa passasse. Achei o máximo e aluguei um banquinho pra mim. Eu não usei nem por meia hora porque eles chamaram a fila das 9:30 muito rápido. Quando eu vi a minha fila se aproximando da entrada eu troquei a sandália pelo sapato (já que eu fui a pé usei uma sandália pra caminhar hehehehehe).
A pessoa passa por três triagens no consulado. A primeira é na fila. Eles conferem os documentos e o agendamento para separar as pessoas pelo horário. A segunda é na portaria. Entra de duas e duas pessoas, coloca as coisas para passar no raio X e você passa pelo detector de metais. Se tudo estiver “ok”, eles liberam a passagem. Eu tava com uma garrafinha de água mineral e a galera da segurança pediu para eu experimentar a água (é o receio de alguém envenenar outra pessoa lá dentro).
A segunda triagem é para conferência dos documentos. Você também entra em uma salinha e entrega o passaporte e o documento do intercâmbio, e eles te dão uma senha. A partir daí é só ficar aguardando ser chamado para dentro da parte que realiza as entrevistas. Nesse meio tempo passa um funcionário explicando como preencher o envelope do sedex e entregar um recibo com o valor que você vai pagar se tiver o visto aprovado. Para quem esqueceu de comprar o envelope antes, eles vendem também.
Minha senha era 93 ou 96, não lembro direito. Quando a moça me chamou para entrar pra parte das entrevistas eu tentei me manter calma, mas deu um tremelique nas mãos rsrsrs. A primeira cadeira que sentei ficava bem em frente a um guichê e deu pra acompanhar parte de uma entrevista de um casal. Eu já fiquei meio apreensiva porque além daquele americano falando o português com um sotaque estranho, aconteceu algo muito constrangedor.
O cônsul: é a primeira vez que o Srº está tentando o visto para os EUA?
O cara: sim!
Cônsul: o Srº está me entendendo bem:
Cara: sim!
Cônsul: vou repetir, é a primeira vez que o Srº tenta o visto?
Cara: sim, é a primeira!
Cônsul: o Srº tem certeza da sua resposta?
Cara: sim, tenho! É a primeira vez.
Cônsul: Você está mentindo. Você tentou em 2006 no consulado de SP. Por que você mentiu Srº?
Cara: ah, eu não menti, eu era muito pequeno e fui com meu pai.
Cônsul: você não era pequeno Srº, em 2006 você tinha num sei quantos anos (quase 30 heheh). Você mentiu e infringiu a lei num sei o que mais lá do constrangimento. Você prejudicou sua esposa.
Cara: desculpa Srº.
Cônsul: Pedir desculpas não resolve sua situação. O que eu posso fazer por você?
Continuaram a entrevista, mas acho que o cara e a esposa não tiveram o visto aprovado. Todo mundo da sala ficou constrangido. O cônsul usava um tom de brabeza na entrevista, demonstrava realmente estar irritado com a mentira. Não deu para eu acompanhar o resto da entrevista porque me mudaram de lugar.
Sentei no novo lugar e esperei ser chamada. Fiquei conversando um pouco com algumas pessoas. Puxei assunto mesmo, na cara de pau. Foi isso que me ajudou a não pensar na entrevista e no nervosismo. Tinha a mãe de uma mulher que casou nos EUA e teve um filho, mas o parto foi de emergência e a filha precisava de sua ajuda. Dava pra ver nos olhos dessa mulher a emoção e expectativa. Ela tava acompanhada de outra filha. A senha das duas foi chamada e elas foram para o “guichê do constrangimento”, mas tiveram o visto aprovado e eu fiquei super feliz por elas. Também conversei muito com uma moça do Rio Grande do Sul. Essa eu nem sei se teve o visto aprovada porque minha entrevista foi primeiro que a dela. No geral as pessoas estavam saindo com o visto aprovado, porque teve muuuuuito gente pagando o sedex, acho que a quase todo mundo.
Enfim chegou minha vez e fui até o guichê. Por sorte não foi aquele guichê que todo mundo ver sua entrevista :) O cônsul pediu para eu limpar a máquina das digitais e recolheu as minhas. Depois começou a falar em inglês (vou escrever as perguntas em português mesmo porque não lembro como ele falou em inglês, apenas entendi com alguma dificuldade, rsrs):
C: Você tem experiência com criança?
Essa eu tinha entendido, não sei porquê, se ele tinha perguntado se eu já tinha tentando o visto ou ido para os EUA antes. Hahahahaha
Eu: não!
Ele: noooOOoooOOo? (com cara de espanto)
Ai eu achei algo estranho e imaginei que não tivesse entendido certo e perguntei se ele queria saber se eu já tinha ido para os EUA antes, rsrsrs, daí ele repetiu a pergunta!
Eu: ahh, suuuure! Yes... Começou na minha família, eu tenho 4 sobrinhos, mas trabalhei como voluntária em uma creche e depois como contratada.
Daí ele fez mais outras perguntas que não lembro a ordem. Também foi muito difícil entender porque ele não usava microfone e o volume do guichê do lado estava muito alto. Quase todas as perguntas eu dizia: “Sorry, I can’t....”, antes de eu completar a frase ele já repetia a pergunta, rsrsrs.
As perguntas foram: aonde eu morava, com quem eu morava, o que meus pais faziam, aonde era o restaurante da minha mãe, se eu estudava, quando me formei, aonde me formei, em que me formei, o que queria fazer quando voltasse para o Brasil. Acho que só! Ele assinou o documento e disse que meu visto tinha sido aprovada e me entregou uns papeis e disse para eu pagar a taxa do correios. Pra varias eu também não entendi de primeira e ele falou em português, daí eu abri um sorriso e agradeci.
Saí com um sorriso de orelha a orelha e fui pagar a taxa do sedex (13,50 R$). Ao sair do consulado eu sentei de novo no banquinho, falei com os ambulantes que tinha conseguido e troquei o salto pelas sandálias e fui para o apartamento da minha amiga.
A primeira coisa que fiz ao chegar foi tirar a roupa, me acalmar e ligar pra meu namorado dando a notícias. Ele ficou super feliz e ligou para avisar a minha mãe! Depois entrei na net e comuniquei a vitória nas redes sociais. rsrsrsrsrs