' Você consegue um bom emprego na hora que bem entender? Você descola um amor do dia pra noite? Se entrar num banco, sai de lá com um empréstimo sem burocracia? Se você respondeu sim para todas estas perguntas, parabéns. E fique atento para o horário de partida do seu disco voador, pois a qualquer momento você terá que voltar para seu planeta. Entre nós, terrestres, o sim é uma resposta rara. Na maioria das vezes, NÃO há vagas, NÃO querem editar nossos poemas, NÃO temos fiador, a garota NÃO quer ouvir uns discos na sua casa, o garoto NÃO quer usar camisinha e o guarda de trânsito NÃO foi com sua cara e vai multá-lo, sim, senhor. NÃO está fácil pra ninguém. Ao contrário do que possa parecer, esta não é uma visão pessimista da vida. As coisas são assim, dão certo e dão errado. Pessimismo é acreditar que ouvir um não seja uma barreira para realizar nossos planos. Tem gente que fica paralisado diante de um não. Nunca mais vai à luta. Já o otimista resmunga um pouco e em seguida respira fundo e segue em frente. Quando eu tinha 17 anos, mandei uns versos para um concurso de poesia. Não ganhei nem menção honrosa. Daí entreguei meus versos para o Mario Quintana avaliar. Ele não respondeu. Neste meio tempo eu estava apaixonada por um cara que ignorava minha existência. Quando eu não estava pensando nele, fazia planos de morar sozinha, mas meu estágio não era remunerado. Aí quis viajar para a Europa, mas não consegui entrar num programa de intercâmbio. Surpreendentemente, não me passou pela cabeça a idéia de me atirar embaixo de um caminhão. Hoje tenho nove livros publicados (cinco deles de poesia), sou casada com o homem que amo, tenho a profissão dos sonhos e viajo uma vez por ano, e tudo isso sem ganhar na megasena, sem cirurgia plástica, sem pistolão ou pacto com o demônio. O segredo: cada não que eu recebi na vida entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Não os colecionei. Não foram sobrevalorizados. Esperei, sem pressa, a hora do sim. O não é tão freqüente que chega a ser banal. O não é inútil, serve só para fragilizar nossa auto-estima. Já o sim é transformador. O sim muda a sua vida. SIM, aceito casar com você. SIM, você foi selecionado. SIM, vamos patrocinar sua peça. SIM, a Ana Paula Arosio deu o número do celular dela. Quando não há o que detenha você, as coisas começam a acontecer, sim. '
O amor não se basta
Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga. Tudo o que todos
querem é amar. Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado.
Tem algum médico aí? Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que? O amor. Mas não o amor mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar. O que sobra é o amor que todos conhecemos o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho. É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo. Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja.
O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus. A diferença é que, como entre marido e
mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de
voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna. Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas.
Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso.
É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência. Amor, só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar. Amar, só, é pouco.
Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões
pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas prá pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo prá cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem as vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão.
E que amar, "solamente", não basta. Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta .
(M.M)
O sonho de um “homem perfeito”
Quando garota sonhava com um “homem perfeito”. Mas à medida que o tempo ia passando vivi experiências amorosas e percebi o quão distante estão os homens desse meu ideal de perfeição. E olhem que nem sou tão exigente.
Nunca tive ilusões em namorar um rapaz que sempre me trouxesse flores. Bastava-me que lembrasse uma vez por mês que passamos mais 30 dias juntos ou até anos. Apenas lembrar era o suficiente, sem presentes ou surpresas megalomaníacas. Nunca quis um garoto grudento. Bastava-me que ele participasse da minha vida, assim como eu da dele. Simplesmente como uma forma de companheirismo. Jamais me passou pela cabeça que ele tivesse que ligar todos os dias e declarar seu amor por mim. O simples interesse pelo meu dia já era suficiente para sentir-me especial.
Jantares a luz de velas e/ou freqüentar restaurantes chiques, em nenhum momento fiz questão, nem faço. Uma singela caminhada, ou sentar-se a beira do rio para jogar conversa fora... Isso sim seria capaz de tornar meu sentimento seguro. Pois sempre gostei das coisas mais simples: “fazer nada juntos”. Nunca almejei um cara com a vida feita, com um bom emprego e um carro na garagem. Se ele incluísse-me nos seus planos de um futuro a dois seria o máximo. Estabilidade nós conquistaríamos juntos.
O tempo foi passando e as frustrações aparecendo. Tive alguns namorados e logo me dei conta que não seria fácil encontrar alguém do jeito que eu gostaria que fosse. Por mais que não idealize um príncipe encantado montado em um cavalo branco, será muito difícil. No entanto, ou você se conforma com a falta de algo, ou vai passar o resto da vida em busca da sua idealização meio que utópica. Também me dei conta que não podemos nos conformar com tudo. Temos algumas prioridades das quais não podemos abrir mão. Caráter, fidelidade, companheirismo e respeito são essências, e sem eles o relacionamento não funciona. O resto...
Bem, o resto é resto, e pode ser ajustado com o tempo, ou não. Vai saber... O que vale mesmo é que essa parte pode ser superada ou complementada. E eu achando que sabia tudo.
(By:Raquel Siqueira Freire)
Charles Chaplin
A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?
rsrsrsrsrsrsrsrsAs nossas vidas são infestadas de surpresas, boas e desagradáveis. E os nossos gestos são, quase sempre, recíprocos. Basta-nos saber digerir alguns trocos, popularmente conhecidos como “sapos”. Mas a troco de quê faríamos isso?
Não é a minha intenção confundir a cabeça de ninguém. Muito menos impor aqui, a minha, razão. Portanto, reflitamos um pouco sobre esse mínimo, mas grandioso, detalhe da vida.
A troco de quê, ser fiel? – Nunca ninguém foi comigo.
Ser honesto? – Sempre saio perdendo.
E ser justo então? – Só Deus consegue.
Ser atencioso? A troco de quê? – Muitas vezes as pessoas se comportam de tal forma que até me sinto transparente.
A troco de quê devolveria o dinheiro que a senhora deixou cair da bolsa? – Ela nem viu... Já vai tão longe!
Por que faria o que ninguém faz? – Só por que tenho de ser bonzinho(?), afinal, bonzinho só se ferra.
Ser educado então? – Só levo patadas!
E olhem que essas são apenas algumas das inúmeras situações que nos acontecem e sempre estamos nos perguntando qual será a recompensa da nossa atitude. Resposta concreta? – Nenhuma. Mas...
Agora vou lhe dizer a troco de quê fazemos alguns esforços...
A troco de você dormir em paz com sua consciência. Sabendo que mesmo que tenha recebido infidelidade, conseguiu agir como uma pessoa digna.
A troco de você dar bons exemplos para as crianças.
A troco de você ver alguém feliz e grata por sua honestidade.
A troco de você ser uma pessoa agradável e semelhante a Deus.
A troco de você ser um bom referencial para os que estão a sua volta.
A troco de você ser diferente daqueles que se igualam à maioria que já perdeu a esperança.
E se meus argumentos não te convenceram, experimente fazer tudo a troco de você mesmo ou a troco de nada. Porque não importa o que receba em troca, o que vale mesmo é a sua ATITUDE. E que ela seja sempre a melhor.
Independente de qualquer situação, não podemos pensar na recompensa – no que esse mundo de hoje classifica como recompensa. É muito mais que uma questão de troco, é uma questão de CARÁTER
[ By: Raquel Siqueira e Marcelo Araújo]